sábado, 13 de fevereiro de 2016

Fumaça

     Não fiz fumaça pois não queria que nada embaçasse seu rosto. Falei bem baixinho para não abafar o timbre da sua voz, te levei a mil lugares que nem você um dia saberá, você também não está livre da prisão da minha mente, sempre que minhas mãos estão junto as suas a cidade é mais iluminada. Rimos de todos poetas, nesse momento não havia poesia melhor que as linhas de seu rosto e se um dia não houver mágica nisso, talvez eu possa gargalhar de mim.
  Teu perfume doce era mais tóxico que meu cigarro. Ainda que tenha queimado todas as nossas fotos, eu não conseguiria apaga-las de minha memória, ainda me queimasse inteiro. Talvez outro alguém ainda clame por meu coração, lamentarei então todo meu amor ser sinônimo de tua existência, talvez eu a odeie por isso, pois poderei dar a outro alguém memórias, histórias, risadas, mas não poderia oferecer meu amor, pois todo aquele que consigo sentir, mora em peito seu.
  A quem diga que um dia nossa história será apenas uma lembrança dessa cidade, eu discordo, em um nascer do Sol qualquer, todos saberão que nossa história é mais bonita lembrança da cidade, é o reflexo para lua, é inspiração para os que vem.
  Ao bagunçar seu cabelo, as vezes o sono me vinha, pois estando ao seu lado tinha a incerta certeza da eternidade, É como trilhar um caminho sem volta e nunca dizer adeus, é admitir que a cada vez que fugia me jogava mais e ainda que não conhecesse cada detalhe da sua pele ela me fissurava, pois minha imaginação permitia existir em você, é idiota mas suplico nessas horas perdidas que você nunca passe, pois enquanto houver esse saudoso desespero em mim, haverá você.
   Perdão pelas minhas palavras não ditas, pelas angustias da madrugada não compartilhadas e por criticar seu capricho, as vezes me jogo na noite, me suicido em você, mas a cada vez que deito tentando esquecer, lembro que o brilho do sorriso que acalma não está em nenhuma distração no mundo, se não em você.
 

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Enjulhescer

       Abraçado pela caprichosa solidão de Junho, em uma eterna ressaca de vida, turvo entre todo fumo gasto, efêmero, como a existência que sempre vem para extinguir. Sútil epifania, banhada pelas leves ondas salgadas da loucura, aceitando seu consolo nostálgico e satisfatório. Tornou-se difícil não vomitar poesias em papel, talvez pela falta de ponteiros correntes e energia para expressar.
      Vazio um escritos sem motivação. Infantil são os porres acompanhados das doses suicidas e não menos masoquistas, então recorrentes. A falta que o ar me faz, essa história vem tomando o espaço em clocks de um relógio que só encurta nossos caminhos, "nossos", nossos dos quais o s nem alguém possui.
      Todo aquele drama escrito impiedosamente só para que mãos frias tocassem meu pescoço quente, ali, momentos correntes e irrelevante feitos daquela fechada dos olhos buscando eternizar a doçura, da qual nunca encontrei, pois corre nebuloso pelo caminho em direção ao píer rodeado pelo mar brusco, cinzento, escuro, as neblinas daquela tarde engasgaram minha poesia.
      Enlouquecedor os Sóis frios serem eternamente meus momentos de maior calor, densamente desabitados. É a mais significativa chama da vida, a qual consigo acender, tentei afogar todos no café forte no acordar do Sol, maldita saudade as vezes rasga meu peito de dentro pra fora, quase esmagando os olhos e  fazendo tremer minhas mãos que não podem alcançar. Perdão, eu quase me esqueci do seu rosto, fui obrigado a queimar todas as fotos, estive errando demais por deixe-lhes passar. Sempre sendo arremessado contra o vento cortante, que só me faz viajar do melhor que já pude ter, um poeta só queria ser salvo, sentir abraçado e eternizado em algum lugar outra vez.
     O esfriar sempre vem, eu prometo desta vez escrever palavras bonitas pelo céu, contar cada brilho no horizonte, para que todos os luzeiros dessa cidade cinza possam brilham em nossa memória. Vou me jogar em uma nova perspectiva, levo cada lembrança nas palavras e desta vez quem eu quero irá vir comigo, pois estou cansado de vagar sozinho, quero ser abraçado outra vez pela Lua, mas desta não estando perdido.